Trem, van, churrasco, aves de rapina e 4 anos da Prússia

Relatos da viagem de um dia pra conferir o aniversário da cervejaria Prussia em São Gonçalo do Rio Abaixo, MG

Um dia fora do comum, definira assim essa jornada. Recebi o convite pro aniversário da Prussia quando ainda estava de férias e aceitei, sem ver que era fora de BH. Alguns dias depois abri o e-mail e vi que tinha recebido uma passagem de trem! Mistura de emoções: contente que eu iria andar no único trem de passageiros ativo no Brasil, medo de não dar conta de aproveitar a festa devido a longa viagem, e aquele ar incerto de ter que acordar antes das 6 da manhã num sábado. Porém, acima de tudo, nutrido com a certeza de que em nome da nossa cerveja artesanal mineira, e de atender a um convite feito com tanto carinho, firmei o corpo e fui.

O Embarque

O dia começa com a confusão para embarcar na estação central de Belo Horizonte. Sabe-se que com o tempo a Vale do Rio Doce, operadora do trecho faz o possível para melhorar a experiência para os passageiros, mas o embarque ainda é confuso. Filas pra fora do terminal, não se conseguia uma informação precisa sobre qual fila era pra que. Entrei, me virei e embarquei.

A Saída da Estação

Já no vagão 2, me encontrei com alguns colegas de jornada. Renata Abritta do Jornal O Tempo, o marido Guilherme, Viviane Furst da Primeiro Plano Comunicação, Carlos Henrique Vasconcellos (CH) da Hoffbrauhaus de BH. O trem partiu e assim como na decolagem do avião, via-se no rosto de todos que estavam lá dentro um certo fascínio ao acompanhar a saída do coração da capital mineira em direção ao Espírito Santo. Tudo bem que a nossa parada seria a primeira, na estação 2 Irmãos, independente disso, a saída do trem causa fascínio. Pra quem está lá dentro, pra quem está de fora, ou até mesmo pros irmãos Lumière que escolheram a chegada do trem a estação para inaugurar o cinema.

Juntos e felizes vamos nós

Com pouco tempo desde a partida já ouvíamos as orientações do chefe do trem, potencial pra radialista o moço, e fomos acostumando com a paisagem. A cidade, depois o Rio Arrudas, e então, as nossas montanhas mineiras. De cara já falei com CH que eu jamais perderia a oportunidade de tomar um café no vagão restaurante, e fomos todos pra lá.

O café era coado e já adoçado, mas repito, o fascínio do trem impede de fazer qualquer análise sensorial do cardápio e do que foi servido. Até mesmo do misto quente mais pra frio que comemos na volta. Uma vez no vagão restaurante, nos foi explicado que você só tem 20 minutos de permanência nas mesas após a chegada do seu pedido. Regra justa, para que todos tenham tempo de almoçar. Aliás, sobre a alimentação, também é explicado que a maneira mais fácil de garantir o almoço, servido a partir das 11 horas, é reservando com o colaborador, assim chamado pelo moço da voz de locutor, porque o restaurante só tem capacidade para 50 pessoas, e o trem transporta 1.200. Porém, mediante a devida reserva, tudo se resolve. Um dia vou mais longe no trecho pra fazer a análise desse cardápio.

boné Tomei Gosto e o café do Trem da Vale

Impressionante como o conforto no deslocamento talvez pela climatização da cabine, do silêncio do trem, o papo com os amigos, a paisagem das nossas Minas Gerais e o café que chegou fizeram as duas horas passarem rápido. Já estávamos na estação 2 Irmãos, que atende as cidades de Barão de Cocais, São Gonçalo do Rio Abaixo e região.

De lá pegamos um micro ônibus, já na turma do fundão e chegamos a Prussia. Na entrada, explicações da Amanda, nossa cicerone, que a festa começaria daí a uma hora, mas como sairíamos uma hora antes do fim, eles gentilmente abririam as torneiras da fábrica pro nosso grupo. Ou seja, por volta das 10 da manhã já nos era oferecida cerveja fresquinha, dentro da fábrica, o famoso “dar banana pro macaco” ou “dar ao bode milho” ou “dar cerveja aos bípedes”.

As cervejas

Comecei pela Marzen e já abro o papo deixando claro que ao primeiro gole vi que tinha encontrado alí a minha companheira de festa. A cerveja do dia. Do lado de fora do galpão da fábrica, o chef Kiki Ferrari e a equipe do A Brasa Banquetes preparavam o churrasco que nos seria servido, e o cheiro de madeira queimada tomava conta do ambiente. Combinação perfeita com uma cerveja com malte torrado, um toffe no final, refrescante, sem aquele ataque de lúpulos do novo mundo. Drinkability ou drinkabilidade perfeita pra beber de 10 da manhã até as 4 e meia da tarde, horário da saída do nosso transporte pra estação.

Foto de dentro da Fábrica da Prússia

Os donos da fábrica chegavam, se apresentavam, e as chopeiras iam ficando prontas pro serviço. Aliás, bendito seja o self service nas fábricas! Que maneira divertida e agradável de se experimentar todas as cervejas. Você escolhe qual quer, que quantidade, troca ideia como o pessoal da festa sobre as cervejas, o dia, etc. Longa vida a eventos desse tipo.

A Sour de Jabuticaba da Prussia

Sour é bonita e ponto final!

As Sour estão chegando com força, e a nossa tão mineira Jabuticaba acaba sendo lembrada pra produzir as nossas sour na terra do pão de queijo. Além de DNA local, as Sour de Jabuticaba tem uma bela cor, eu diria que algo próximo de um roxo, mas certamente alguém me dirá outro nome pra essa tonalidade. Cores a parte, escolhi a Sour pra ser a alternativa pra Marzen e deixei pro final a IPA, NEIPA. O calor que fazia do lado de fora, e o sol de quase meio dia que ajudava a deixar tudo mais quente, achei que seriam bons acompanhantes pro frutado da Sour. E o azedinho enfrentava bem o churrasco. Ainda sobre a sour, a cor bonita atraía muito público na festa, mas talvez por falta de conhecimento do estilo, às vezes conversava-se com alguém na festa e se ouvia algo do tipo “a minha esposa gostou, mas achou ela meio azedinha”. Sim, ela deve ser azeda, sour em inglês é azedo. Um brinde às nossas azedinhas!

 A Festa

A atmosfera era muito agradável, com os donos volta e meia chegando ao palco e agradecendo a todos os Prussianos que ali celebravam a data. Como é bonito o sentimento de pertencimento e representação das cervejas artesanais, fica claro que existe no ar aquele sentimento de “essa é cerveja dos meus amigos” , “essa é a cerveja da minha cidade”, “conheço essa cerveja antes dela ir pra garrafa”. A música ficava por conta da banda da Amanda Gouveia, voz, violão e cajón. Depois disso, um pouco de som mecânico e os prussianos: Maycon (cervejeiro) Douglas (proprietário e responsável pelo comercial) subiram ao palco para um bom sertanejo. Isso, a combinação de cerveja artesanal e sertanejo é possível e existe.

MÚSICA E CERVEJA ARTESANAL

Parênteses, acho muito sadia a convivência de mais de um estilo musical com a cerveja artesanal, e particularmente temo muito que os eventos cervejeiros em BH reduzam os fãs de cerveja artesanal apenas ao meu tão querido rock´n roll. O estilo Rock´n Roll é fantástico, e merecedor de vários adjetivos, mas acho que não podemos reduzir a cerveja artesanal a apenas um tipo de música, um tipo de pessoa, um tipo de vestimenta. O Brasil é grande, diverso e multicultural, quero muito ver eventos com samba e cerveja artesanal. Ou outros tipos de música. Temos que ser brasileiros e cervejeiros, está aí o desafio. A festa da Prussia misturou sertanejo e cerveja artesanal, ponto pra eles!

AVES DE RAPINA E INSTAGRAM

Coruja da Gavilan na festa da Prussia Coruja da Gavilan na festa da Prussia

Também estiveram na festa algumas aves da rápida, uma águia treinada para controle de fauna, uma coruja treinada para educação ambiental – ou seja, receber carinho da galera, e um falcão. Além de bonitas e dotadas de uma missão interessante, dão muito resultado em rede social.

FIM DE FESTA VOLTA PRA CASA

Ói... ói o trem

A festa ia bem, mas o nosso transporte tinha que voltar a tempo de pegar o trem na estação. Fomos salvos por alguns growlers que a Prussia nos mandou pra não morrermos de sede no trajeto, a turma estava animada e o trem por vir. Embarcamos, repetimos o café no vagão restaurante, porque em estratégia que está ganhando não se mexe, e chegamos a BH, na estação bem cheia com o desembarque do trem e por volta das 10 da noite eu estava em casa.

Foi lindo.

Obrigado a todos pelo carinho e atenção. Me chamem pra próxima!

Parabéns PRUSSIA Bier pelos 4 anos!

Douglas Vidal, Railton Vidal e Fernando Cota (cervejeiro) e a toda equipe Prussiana.

Aves de Rapina – Gavilan Serviços Ambientais http://gavilanservicosambientais.com.br/

Prussia  Bier – http://www.prussiabier.com.br/

Trem de Passageiros da Vale – Site e compra de passagens

 

Bastidores das Matérias do BUTECO 98

MERCADO GRANO Bastidores
SVÄRTEN MUGG Taberna Viking Bastidores

Ateliê Wälls

Hofbräuhaus BH

 

 

2 Responses
  1. Fábio

    Fica claro que não precisamo ir a Blumenau ou a Petrópolis para termos uma experiencia sensorial com cerveja. Temos tudo isso aqui do lado de Belzonte City!

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